9 de novembro de 2017

"Morreu de pé ! " - Outubro de 2017


" Morreu de pé ! "

Um “post-requiem” por aquela velha e vetusta Carvalha, do “Campo das Carvalhas”!...

Passados estavam bem mais de 200 anos depois de uma pequena Bolota, meia enterrada, ter dado em pequena raiz…em tronco frágil…em folhinha verde…pela força da Natureza.

Naquela noite, de 15 para 16 de Outubro de 2017, veio do lado Sul outra força da Natureza, a enroscar-se-lhe no velho tronco carcomido e oco, varado que estava já por tantos e tantos ciclos da Natureza. Em que ela, árvore sempre generosa, também era cama e mesa para vermes e fungos parasitas.

Via-se e sentia-se que essa outra que bramava ventos e cuspia fogo era uma força má, a atacar com lume bravo, por todos os lados e ao mesmo tempo…
 

Sim, o Fogo daquela noite atirou-se à velha Carvalha do Campo, a dançar à roda! Acirrou-se por entre os poucos “nervos” dela e que subiam, ainda vivos, desde o solo… Infiltrou-se pelas raízes superficiais ainda vivas… Avançou o Fogo… Roeu e roeu por quase tudo o que ainda separava a velha Carvalha da sua morte anunciada.

Sim, todos o sabemos de ciência feita. Ela, a velha Carvalha, já fora nova…verde escuro…prolífera em ramos e ramagens, com as Bolotas em pendentes. Então, espaços fora, lançara grossas pernadas e mil e um ramos “cobertos de folhagem, na verdura”.

Subiu e alargou-se bastante. Transformou-se na mais alta, mais larga, mais frondosa e mais bonita Carvalha daquele Bosquete junto ao denominado “Campo das Carvalhas”. Ela cobria aqueles espaços próximos com sombras…e folhas secas…e bolotas… Era uma espontânea catedral da Natureza ! E para nós também era uma Carvalha de culto!

Atingiu e desenvolveu, sempre, profusas evidências de sua linhagem enquanto uma “Quercus Robur” - do género “fémea” que outras destas árvores assim designadas são do género “macho” – Carvalho - diferença que o saber popular sabe distinguir pela côr e recorte das folhas e pelo tamanho da Bolota de cada uma destas (sub) espécies. Mas também se assumiu, toda ela, na ainda mais genuína linhagem, esta Celta, do “QuerKuez” ou “árvore nobre”.

Durante para aí os últimos 80 anos, entre curiosa ou alheada, ela observou tantos daqueles jogos estranhos em que homens, rapazes, algumas vezes até mulheres e raparigas, e crianças, andam equipados a rigor ou não, a correr uns atrás dos outros, aos pontapés a bolas e a suar. Enquanto isso, berram e até dizem palavrões no que são seguidos por quem está de fora “só” a ver… Com frequência, ouve-se o apitar estridente de um outro homem, normalmente equipado ou vestido de forma distinta dos jogadores e que parece ser quem mais manda naquele jogo embora não dê pontapés nas bolas. Apenas corre, sua e apita e, não raro, é insultado pelos outros…


E muda e queda, por vezes apenas um pouco agitada pelo vento matreiro, a velha Carvalha do Campo assistiu aos bailaricos festivos de tardes e noites quentes em que os namorados (e os amantes) diziam “coisas” proibidas aos ouvidos, uns e outras, enquanto faziam de conta que dançavam…

E, sem tão pouco salivar seivas, abrigou tantos e tantos convívios de todos os tipos mas com especial destaque para as “comezainas” festivas…

Sim, a velha e vetusta Carvalha foi testemunha, serena e natural, de tudo isso e não contou nada a ninguém, podemos ficar todos nós descansados… Apenas julgamos que pensava em nós enquanto se nos dava em carinho e esplendor. Sim, com toda a paciência do mundo, era ela que fazia dela própria a nossa árvore preferida ! Acolhia-nos e protegia-nos, ao jeito de “mater in perpetuum” (mãe para sempre), debaixo dos seus braços multiplicados.

Sim. Por debaixo dela, da sua frondosa e natural armação – em tons de verde e castanho – nós passámos episódios das nossas vidas, porventura dos mais agradáveis, sobretudo no Verão. Por isso mesmo, sempre a conhecemos e sempre gostámos, muito, da velha mas também frondosa e fresca Carvalha que já assim era quando nós, por ali, fomos meninos.

Adequando embora o seu alcance, registo aqui o dito que me ocorre por analogia:- ela era a Carvalha “da minha vida”… E, tal como eu, outros haverá capazes de idêntica confissão, a sugerir mesmo uma quase sensualidade… Sim, ela era a Carvalha “das nossas vidas” ! E fico triste. Estamos tristes.

Ah ! Bem-dita seja, aquela velha e vetusta Carvalha, do “Campo das Carvalhas” da UDV, União Desportiva e Tuna Vilafranquense, de Vila Franca da Beira!


Depois daquela noite, quando chegou ao chão já estava morta… “Morreu de pé !”.

Porém, agora já não é nada do que foi, “já não serve”… Mas ainda não acabou !

Naquela noite de quase todos os Fogos e medos, a velha Carvalha entrou no início do seu fim-final… Ressoava alto mas surdamente –“chchzzuuumm…” – assim como se fosse num choro de suas folhagens agitadas pelo vento agora doido. Também receosa das línguas de fogo que já trepavam…pelo tronco carcomido e oco…pela casca seca e rugosa…pelos musgos agarrados... Chamas vivas que a ela lhe mordiam nas raízes, lambiam feridas antigas e lhe consumiam entranhas quase mortas.

Tremeu, contorceu-se…resistiu como pôde. Ainda aguentou aquele fogo desvairado que a consumia desde a sua base já antes desgastada. Ainda aguentou aquelas rajadas de vento doido e cheio de fumos Mas estava muito fragilizada e indefesa, a velha mas ainda frondosa Carvalha !

Por fim, o Sol conseguiu fazer surgir “o dia seguinte” àquela noite. Rasgou trevas a custo e apagou a luz suja das chamas que perduraram. E a manhã cinzenta-negra do “dia seguinte” entrou na tarde, sempre com aquela noite pintada a fogo, por fora e por dentro de nós.

A velha Carvalha estremeceu uma e outra vezes. Oscilou, desequilibrou-se… Súbito, estalou em gritos de fibras que se rasgavam:- “Cráás !!!”. Afinal, o rasgar sonoro das últimas fibras que lhe levavam vida por ela acima. E assim foi caindo, rapidamente, até cair de vez:- “tchumm!”.

Eram quase duas “de la tarde“ (16 Outubro), quando tombou sobre seus ramos que se partiram aos bocados e que partiram o telheiro do Bar da Cozinha do Campo de Futebol e Festejos da UDV.

Na sua queda consumada, podemos imaginar, a velha Carvalha arrastou dentro de si um ninho de noctívagos Mochos-Galegos. Um ninho, fofo e ainda quente, feito num dos buracos de seus troncos, lá no alto. Naquela noite trágica, as aves residentes ainda tentaram sair e voar, chamas adentro. Mas morreram incineradas sem acabar o último grito que soltaram:- “Uliuu! …Uli…”. Dá para evocar:- “É o pio do mocho (ou da coruja), sentinela fatal que augura a mais sinistra noite”…

Depois, então, quase às duas “de la tarde”, desmoronou-se ingloriamente aquela nossa catedral !

Quando chegou ao chão, a velha Carvalha já estava morta! Caiu, pesada, sobre o cimento duro que assim lhe serviu como lápide de uma espécie de campa posta ao contrário, posta por baixo do corpo e não por cima. Mas como força da Natureza que sempre foi, também assim quis deixar de ser. “Morreu de pé !”.
 
 

Serás eterna…a não morrer”… de novo e de vez !

E teu corpo pesado e morto vai ainda ser retraçado aos bocados. Vai aquecer lareiras, estômagos, e corações também. Sim, à lareira escura “seu estro vai parar desfeito em vento” (ou em fumo)…

Mas, de mansinho, agarrando-se como podem à terra-mãe, “mordendo” a cama fofa, “bebendo” orvalho, já agora espreitam, atrevidos, os rebentos verdes das Bolotas que caíram de seus ramos então verdes e ainda ao alto.

Naquele chão (por fora do cimento), ali, por trás do “Campo das Carvalhas” da UDV, afinal ainda não acabou, a velha e vetusta Carvalha !

E assim serás Rainha e eterna como força da Natureza prenhe de esperança renovadora !

Per omnia secula seculorum!”… (“por todos os séculos dos séculos”…mas sem “amém”…).

E viverás, muito Tu, na nossa memória como a mais bela – “e tudo !” - daquele Bosquete !

Viva a velha e vetusta Carvalha do “Campo das Carvalhas” da UDV !

Viva a Rainha das Carvalhas !

No já esperançoso Novembro de 2017

João Dinis, Jano
 
Fotos de Sílvia Ramos

25 de março de 2017

IC16 até Oliveira do Hospital

Jornal "Público" - On Line - 24.03.2017

"Governo investe 38 milhões no IC6 entre Tábua e Oliveira do Hospital

A primeira fase do projecto vai consistir no desenvolvimento do troço entre o Nó de Tábua e o Nó da Folhadosa, numa extensão de cerca de 19 quilómetros.

O Governo prevê investir 38 milhões de euros nos 19 quilómetros do Itinerário Complementar (IC6) entre Tábua e Oliveira do Hospital, iniciativa cujo projecto de execução será lançado até Julho, foi anunciado esta sexta-feira.

Em nota de imprensa, a Infra-estruturas de Portugal diz que, "ponderados os dados de procura de tráfego, condicionalismos técnicos e disponibilidade financeira, foi decidido avançar numa primeira fase com o desenvolvimento do troço entre o Nó de Tábua e o Nó da Folhadosa numa extensão de cerca de 19 quilómetros, num investimento estimado em cerca de 38 milhões de euros".

Oliveira do Hospital contra exclusão do IC6, IC7 e IC37 das prioridades do Governo

A informação disponibilizada pela Infra-estruturas de Portugal (IP) recorda que na cerimónia de assinatura do contrato de empreitada de requalificação da Estrada Nacional 17, realizada no dia 6 de Janeiro, em Oliveira do Hospital, foi anunciado publicamente pelo Governo que a IP "iria dar continuidade ao IC6, promovendo o desenvolvimento do respectivo projecto de execução".

"Tendo em consideração o avultado investimento que a construção integral do IC6 representaria, a IP avaliou a possibilidade de faseamento do empreendimento, permitindo uma solução financeira e tecnicamente sustentável", lê-se na informação enviada à agência Lusa.
Esta análise "teve por base o estudo prévio do IC6/IC7/IC37, cujo faseamento previu, à data, a divisão do lanço final do IC6 em dois troços, um entre Tábua e Oliveira do Hospital (EN17/IC7 — Nó da Folhadosa), e o seguinte, a partir deste nó até à Covilhã".

"O Estudo Prévio submetido a Procedimento de Avaliação de Impacte Ambiental obteve a Declaração de Impacte Ambiental (DIA) em 2010, o que permitiu a publicação em Diário da República da reserva do corredor que servirá de base ao desenvolvimento do respectivo Projecto de Execução", informa igualmente a Infra-estruturas de Portugal.

Dada a discrepância temporal entre os estudos originais e a situação actual, a IP encontra-se presentemente a efectuar uma análise detalhada do traçado aprovado em fase de estudo prévio, avaliando a sua viabilidade face às condicionantes constantes da DIA, nomeadamente no que concerne ao surgimento de novas condicionantes na zona da plataforma e áreas envolventes. Este processo, visa permitir encontrar as melhores soluções técnicas para a execução do troço do IC6 entre o Nó da Folhadosa e a EN17. "

23 de março de 2017

"Abaixo-assinado" que correu em Vila Franca da Beira - Março 2017


"Abaixo-assinado" que correu em - Vila Franca da Beira - Fiais da Beira - Póvoa de S. Cosme - povoações que fazem parte da UFEVFB - União de Freguesias de Ervedal e Vila Franca da Beira (concelho de Oliveira do Hospital). Vai ser entregue às Entidades que constam do respectivo "cabeçalho".
 
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