29 de dezembro de 2005

Cepo de Natal ... e Ano Novo


Floriu “em fogo” o Cepo de Natal – 2005 !

Tradição cumprida. Noite-madrugada, frias e cerradas, e um grupo de voluntários encarregou-se de ir à mata, cortar e traçar rolos de pinho, para com eles carregar um tractor que os transportou, direitinhos, para o Cepo de Natal - 2005, no Largo da Capela.

Ao cair da noite seguinte, juntou-se mais uns cepos, dos autênticos, daqueles com raízes cheias de resina e ainda a agarrarem-se à terra-mãe.


Com a Pira completa, botou-se-lhe o fogo. As chamas hesitaram no início, farejaram a resina, apalparam a matéria e, enfim, lá galgaram satisfeitas, de raíz em raíz, de rolo em rolo, até proporcionarem vistosa fogueira. Depressa crepitaram as fibras vegetais e subiram as labaredas, enquanto aquecia o ar nocturno e se juntava Povo, à volta.


Todavia, não estava lá muito frio... Não soprava o Soão nem sequer vento dele arraçado. Mas, mesmo assim, sabia bem estender os braços e mãos em direcção ao fogo. Apetecia dar, e voltar a dar, meias-voltas, pausadas, ora de costas ora de frente para a fogueira. Quem já esteve num Cepo de Natal, pelas noites de Dezembro adentro, sabe como é. Quem nunca esteve, pode imaginar...

Batem as doze badaladas no Sino do Campanário da Capela a indicar que, afinal, já é meia-noite. O grupo que permanece no Cepo estimula-se em desafios constantes:- “afinal, onde estão as ‘choiriças’... e o raio do vinho que tanto tarda ?? Ó ‘fulano de tal’, então como é ?...” – tais são os reptos mutuamente lançados com óbvios objectivos... Por fim, alguém se decide. Lá “aparecem” as chouriças – ou choiriças – e o incontornável garrafão com boa pinga caseira. Desta vez, havia “especialistas” nestas comezainas:- tiraram brasas para fora do lume forte, colocaram, em cima, umas telhas, tipo “meia-cana”, e assim fizeram a “cama” para as chouriças e morcelas. E como depressa chiaram elas, a derreterem-se todinhas naquela fornalha controlada por mão experiente ! Santos Anjos e Arcanjos vinde cantar hossanas e louvar o pitéu ! Com o devido respeito, estamos em crer que a Santa Margarida – que em vida humana foi pastora – tentou sair do Altar, ali ao lado, dentro da Capela, para vir até ao Largo, juntar-se aos convivas, e provar ...


Calcula-se que na patuscada tenham sido degustados uns cinco quilos de enchidos! Ah!... E mais o garrafão de cinco litros, e mais uma grade de cervejas... para além de muita água da Fonte da Capela que, do pitéu, bocados houve a queimar de picante... Afinal como manda a tradição.



Como sempre, houve quem ali ouvisse bater as cinco da madrugada. Com voltas e meias-voltas a aquecer o corpo, por fora e por dentro... A pôr ou a ajeitar os rolos e os cepos. Na chalaça e no convívio. O fogo, o grupo, a comida e a bebida, a convocarem o “ser social” que (ainda) há em nós !

Por isso ainda há Cepo de Natal. Talvez um dia volte a ser “natal”, dia e noite, todos os dias.

Pois... Mas, entretanto, prepare-se o Cepo para o Ano Novo !

Jano

Sem comentários: