23 de maio de 2006

3 º PASSEIO PEDESTRE - “Na rota do Vieiro, do Castro e da Penha”


- Domingo, 7 de Maio de 2006 -

Organizado pela Junta de Freguesia de Vila Franca da Beira, realizou-se no Domingo, 7 de Maio, 2006, o “3º Passeio Pedestre” ( e primeiro de 2006 ), integrado nas comemorações dos dezoito anos da criação da nossa Freguesia..

A partir das 9 horas, no Largo da Capela, juntaram-se os caminheiros… Contaram-se 63, à partida, quase às 10 horas. Maioritariamente jovens e criançada. Com alguns adultos à mistura. Desta vez, praticamente só com Vilafranquenses.


E lá arrancaram com a garotada mais atrevida a querer tomar a dianteira. No sentido inverso àquele em que antes se pensara ir…

Rumo às Fontes Laceiras, depois, fundo da Boiça, matas e matagais,


Extrema da Cerca, Ribeira d´Arca ( aqui pela poça do “grelo”, assim baptizada por conhecida madamme…) – ali perto está um dos marcos de delimitação da nossa Freguesia, com a freguesia de Ervedal.


Mais matas e outra vez a Ribeira d´Arca, pequeno curso de água atravessado a vau, a meio da Quinta da Cerca.


Depois, subida até Póvoa de S. Cosme. Nesta Povoação, primeira paragem para retemperar energias, junto à antiga Escola Primária, há alguns anos encerrada e devassada. Por sinal, duas jovens caminheiras, residentes na Póvoa, fizeram questão em explicar que um grupo local de jovens pretende organizar-se e dar utilidade ao edifício. Fazemos votos para que o consigam.



Depois, mais um quilómetro e já chegámos à zona da Penha do Vieiro ou Penha da Póvoa.


É um notável afloramento de granitos e quartzos que sobem e descem ao redor. A Penha é altaneira, pontiaguda e abrupta. De lá do alto se avista uma vasta região. Desde o vale do Mondego, preguiçoso lá muito ao fundo, até ao Caramulo distante.
É lindo de ver e excitante de sentir !


Mesmo apesar da devastação e da desmatação causadas pelos sucessivos incêndios florestais. Aliás, o último incêndio correu por ali mesmo, pela Penha do Vieiro, o Verão passado, e deixou vestígios ainda bem visíveis, a vestir de negro e de cinzas aqueles belos locais. Todavia, ainda mais lamentável é o abandono a que esta zona tem sido votada pelas entidades oficiais a quem mais compete preservar e promover as potencialidades paisagísticas e rurais desta extrema Noroeste do nosso Concelho que faz “fronteira”, ao longo do Mondego, com os vizinhos concelhos do Carregal do Sal e de Nelas ! Curiosamente, ali e acolá, anichadas nos socalcos mais fundeiros da paisagem, vislumbram-se algumas moradias que sabemos terem sido recuperadas ( ou construídas de raíz) por estrangeiros a quem a região encanta, mesmo apesar da incúria das nossas entidades públicas… Enfim, no cume da Penha - que não raro cai a pique dezenas de metros - nem aí ainda foi instalado um miradouro com alguma protecção para quem for ver a bela paisagem… É uma pena, a Penha estar assim tão desprezada quer pela Câmara Municipal quer pelo Governo !


Entretanto, com redobradas cautelas, o grupo de caminheiros “conquistou” a Penha e mergulhou os olhos no vale do Mondego para os alongar, a seguir, até ao distante Caramulo. Ooh! Ooh! Que bonito! Assim exclamou sobretudo quem ali estava pela primeira vez, na Penha, e que era a larga maioria. Alguns dos jovens ainda se abalançaram a pequenas escaladas pelas rochas mais próximas até retomarem a marcha, a partir daqui a descer até ao estradão rural que serpenteia ( em mau estado de conservação) lá ao fundo da Penha.


Daí, nova subida (curta) até a um morro onde se situa o Castro do Vieiro, ou Crasto como pronunciam as gentes da Póvoa. À volta e no coruto, há algumas árvores ressequidas, queimadas pelo incêndio… Enquanto se caminha, salta aos pés areia fina ainda entranhada pelas cinzas do incêndio. O Mondego corre, largo, lá em baixo. Por ali se lhe entrega, saltitante, a Ribeira d´Arca… Cá em cima, as vetustas pedras do Castro “gritam” aos ventos o abandono a que também estão votadas, ainda e sempre, pelas entidades oficiais.


Há tempos, houve escavações arqueológicas, depressa abandonadas…Sabe-se, pelos livros do estilo, que se trata de um castro românico – pequena povoação “fortificada”-, e mesmo pré-românico, que vem desde até uns três mil anos atrás! De lá se dominou o vale próximo do Mondego ( a água…as pastagens ) e as estreitas vias de passagem de tribos e de “tropas”. Aliás, do outro lado do Mondego, acima dos seus socalcos, há “rotas” com bons vestígios pré-históricos. Deste “nosso” lado, é o abandono e o desleixo oficiais… Lamentável ! Ao que se sabe, em breve por ali vai ser construída uma mini-hídrica (pequena barragem) no Mondego e, cá por cima, nos morros mais altaneiros, parece que vão surgir as baterias de “heólicas”- que por mais energias renováveis e “limpas” que produzam, também agridem a paisagem natural…

Bom, agora, a boa “notícia” é que já se avista a Capelinha da Nossa Senhora das Necessidades, no alto do Vale de Ferro. E também já se avista a coluna de fumo que aí sobe… Sinal que o grupo de apoio ao Passeio já lá prepara o “almoço-volante”…

A descida do morro do Castro é feita a “corta-mato”. Com saltos ( dos mais novos) e escorregões sem consequências. Apenas ficam as “pinturas”, a cinza e carvão, nas roupas e no corpo dos caminheiros.


Retoma-se a marcha mais regular, estradão acima. Algumas curvas depois, vêem-se as velhas casas do Vieiro. Serão menos que uma dezena delas, todas destelhadas e abandonadas. O Vieiro foi comprado por particular, ao que se disse para um projecto de recuperação virado para turismo rural. Só que, até hoje, nada…Que se passa ao certo? Ainda segundo alguns livros, o Vieiro assim ficou chamado por para lá ter sido desterrado, em tempos, um “tal” Conde do Vieiro. O último morador saíu de lá há uns trinta anos…

O estradão continua a empinar e custa mais a caminhada… A Capelinha do Vale de Ferro aparece e desaparece consoante as curvas e os obstáculos visuais. Mas sabemos que está cada vez mais perto, quem sabe se já ao dobrar da próxima curva ?... Limpa-se o suor do rosto e lá vamos com a ajuda dos “bordões”. Enfim, por sorte, o Sol está encoberto e, assim, a temperatura é boa. A garotada mantém a “pedalada”, não dá mostras de grande cansaço na subida, e já saímos de Vila Franca há mais de três horas… Mas também há quem gema bem alto e faça sorrir os outros. - “Anda lá, abate essa barriga” – ouvem-se comentários…

Ah! Aí está ele, o Vale de Ferro e a sua Capelinha branca. Outra Povoação (pertence à freguesia de Ervedal) já abandonada pelos seus “filhos” e onde apenas alguns estrangeiros permanecem em duas ou três casas que recuperaram. Uma destas ardeu no violento incêndio florestal do Verão passado. Incêndio que passou pelo Vale de Ferro e que “lambeu” as paredes brancas da Capelinha. E por ali passámos, por entre as poucas casas arruinadas, em granitos envelhecidos e tristonhos, até ao adro da Capelinha. Ouve-se algumas badaladas da sineta do modesto campanário. Alguém trouxe a chave da porta e muitos foram aqueles que entraram na Capelinha, sempre com respeito porque a Nossa Senhora das Necessidades continua a ser muito venerada. Aliás, neste mês de Maio, ali mesmo se faz a sua Festa-Romaria anual e sempre concorrida, sobretudo devido às “promessas” que o bom Povo lhe faz.

Ora muito bem:- a mesa (improvisada) já está posta! O grupo de apoio – constituído por membros do “Clube dos Barrigudos” - foi eficiente nesta parte sempre crucial em qualquer convívio.


Temos sardinha assada no grelhador…e febras…e peixe do rio frito e em escabeche…e bebidas frescas… e pão de broa e de trigo… e queijo e requeijão da Serra … e fruta e doçaria! Viv’ó Passeio!


O grupo descansa e vai comendo e bebendo. Com calma e descontracção. Hora e meia depois, há quem pressione para se retomar a marcha “que se arrefece muito e custa mais…”. Bom, seja como for, dali até Vila Franca é praticamente “um salto”, embora ainda haja o que trepar e o que descer. Lá vamos nós outra vez…

Bordeja-se os limites da nossa Freguesia com as freguesias de Ervedal e Seixo da Beira, onde foi sustido o violento incêndio florestal de 3 de Outubro passado. Passamos junto de:- Cofeinos; Estaleiro; Madroas; Laje Grande – ali perto está o “penedo do Inácio” onde se diz ter aparecido morto, há muitos anos, um “tal” Inácio. Logo a seguir, atravessa-se o “novo” estradão florestal alcatroado. Desce-se um pouco até ao Penedo do Algar ou Penedo da Moira. É um penedão alto e arredondado por onde se pode trepar por um dos lados. Há quem logo se sente na laje em frente. Mas os mais novos “disparam” penedo acima agarrados uns aos outros e às saliências da rocha. Rapidamente “conquistam” o topo.


Mas é perigoso, tem que haver muita cautela, que uma queda seria grave pela certa, se não trágica… Mas tudo corre bem. Satisfeitos, os “trepadores” posam para as fotos lá no alto. Cá em baixo, a maioria assistiu sentada na laje.


Alguém contou a “lenda” do Penedo do Algar ou do Penedo da Moira:- “ Foi uma moira que trouxe aquele penedo à cabeça, com um filho ao colo e a fiar numa roca”… Foi obra, mesmo para uma moira “encantada”! Entretanto, um Vilafranquense “castiço”, e ainda vivo, resolveu juntar-lhe mais uma “lenda”…Segundo ele, já lá viu um rancho “de bruxas” a dançar à roda, na laje, frente ao Penedo do Algar !... Bem, se nós ali passássemos alguma vez de noite, também poderíamos ser tomados por um bando de avantesmas tanta é a agitação que sempre se lá faz ! Bem, e lá teríamos mais outra “lenda” para contar…Hum, vamos pensar nisso…



Dali, foi um último estirão pela Porta Presa, caminho do Pinheiro, até ao Oiteiro de Santa Margarida, já dentro de Vila Franca. Paragem final na Sede da U D V, passava das 16 horas e com doze quilómetros marcados após o início do 3º Passeio. De novo já com a mesa pronta que, como programado, o grupo de apoio providenciara para a “merenda”. Enfim, mais comezaina que o “desgaste” com a caminhada afinal tinha continuado desde o Vale de Ferro até ali… E o convívio terminou com os mais “resistentes” a tratar de comer uns requeijões com café…

É a vida posta em comum !

E Vocês, já experimentaram? Pois experimentem e poderão constatar que a vida, apesar de difícil, ainda pode ter coisas (muito) boas !

E até ao próximo “Passeio Pedestre” !

Maio, 2006

O “cronista” e fotógrafo oficial do
“3º Passeio Pedestre”

João Dinis, Jano

15 de maio de 2006

NOTÍCIAS DA MINHA TERRA - por Sérgio "Abelhão"

No passado dia 17 de Fevereiro, a nossa freguesia esteve representada, através de um elemento da sua Assembleia, no 10º Congresso Nacional de Freguesias promovido pela ANAFRE – Associação Nacional de Freguesias. Durante dois dias foram debatidos os principais problemas com que se deparam estas autarquias.




A 11 de Março, promovida pela Câmara Municipal de Oliveira do Hospital, realizou-se a XV Feira do Queijo da Serra da Estrela, Mel e Enchidos, que como habitualmente, não poderia deixar de contar a presença de alguns produtores Vilafranquenses deste manjar serrano. Como é reconhecido, Vila Franca da Beira foi e será terra de bom queijo e portanto aqui deixo os parabéns ao António (Família Venâncio) e ao João e Paula (Família Canhoto) que lá estiveram presentes e continuam a honrar os pergaminhos de Vila Franca.



No sábado, 15 de Abril, um grupo de Vilafranquenses (o número variou entre 10 e 15) percorreu as principais calçadas da nossa terra anunciando alegremente as Aleluias até cerca das 04 horas da madrugada. Como a noite ainda estava um pouco fria, foi necessário aqui e ali ir aquecendo as cordas vocais com líquidos mais ou menos espirituosos e, já que disso faziam questão alguns visitados, empurrando os ditos espirituosos com algumas iguarias que foram postas à disposição.




No Domingo de Páscoa, respeitando a tradição houve a Visita Pascal.



Quando vierem a Vila Franca da Beira, disponham de algum tempo para percorrer a Rota das Fontes, Lavadouros e Espaços Verdes Tradicionais e assim verem as obras de recuperação inerentes que, embora ainda não completamente finalizadas, já dão uma imagem daquilo que pode ser feito noutros cantos do nosso querido torrão natal.




Para terminar, deixo aqui mais três belos pormenores de Vila Franca com a certeza de que muitos outros ainda estão cá, prontos a serem descobertos.




Antes ainda de terminar, de referir que a 29 de Abril, promovido pela Escola Básica Integrada da Cordinha e organizado pela Comissão de Alunos, realizou-se no salão de festas da União, o Baile de Alunos Finalistas da referida escola, aonde preparam o seu futuro jovens Vilafranquenses. Três notas muito breves sobre este evento. Primeira para o nível de empenhamento dos alunos e da sua orientadora Prof.ª Anabela Costa, Parabéns. Segunda para a presença elevada de ex-alunos, que assim conviveram com antigos colegas de carteira. Terceira e última para referir que os lucros servirão para financiar um Acampamento de Alunos Finalistas que decorrerá durante uma semana na Zona de Serpins.





2006-04-30

Sérgio Correia "Abelhão"