30 de novembro de 2008

Falecimento de Carlos "Abilhão" em VFB

Verdade, a gente fica até sem palavras. Inesperadamente o Amigão Carlos Abilhâo nos deixa.  
É mais um Amigão que se vai, deixando uma tremenda saudade. Mas que fazer, só nos resta rezar por ele, pois Deus quis assim. 
É um débito que todos nós teremos que pagar, seja mais cedo ou mais tarde, esta é a vida temos que nos conformar e confortar a Família e os Amigos. 
 
Manuel-Helena e Família. (Brasil)
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À Família e Amigos,

ainda, não acredito, mais o Tio Carlos se foi, Deus assim o quis,... Agora é só rezarmos por ele, e tenho certeza, que ele está em bom lugar.Ele vai fazer muita falta... Ficamos com o coração triste e cheio de saudades,... Mais com a certeza que um dia todos nós nos encontraremos novamente,... aonde quer que seja.
 
DANIELA E MAIK.   (BRASIL)

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20 de novembro de 2008

“Enterro do S. Martinho” voltou à rua

-Fotos de M me Diane Frade -


Dando seguimento à tradição, e tal como estava previsto, na noite de 11 de Novembro, Vila Franca da Beira voltou a “festejar” o “Enterro do S. Martinho”.

O cortejo “fúnebre” iniciou-se às 21 h. 30, no Largo do Rossio, com a iluminação pública apagada par dar mais ambiente à função.


À frente, formava a “Irmandade do S. Martinho”, a duas alas, com “opas” brancas e empunhando archotes acesos. Logo a seguir, entra a padiola com o boneco (tamanho natural) que simboliza o “cadáver” do S. Martinho. Carregam-no quatro membros da “Irmandade”. Como ultimamente tem acontecido, do boneco destaca-se vistosa genitália ( tamanho sobrenatural...), afinal um lustroso marsápio “das Caldas” implantado no entre-pernas do suposto “cadáver” do S. Martinho... É o elemento central de toda a cena e motiva muitas alusões, umas brejeiras outras vernáculas. O Sacristão arremeda um padre no elogio “fúnebre” e na “encomenda” do suposto morto – o S. Martinho – e produz a tradicional enxurrada de latinórios, ditos, versalhadas e mesmo impropérios. Com frequência, provoca risos e gargalhadas nos participantes...


Tudo isso ampliado por aparelhagem de som que, camuflada, integra o cortejo. Em fundo, ora alto ora em surdina, mantém-se o “Requiem” de Mozart, a música que se atira para as sombras da noite e para quem a ouve.


Prosseguem as “Viúvas do S. Martinho”, grupo de mulheres e de jovens, com xaile ou lenço preto sobre a cabeça, que a espaços “guincham” o mais alto que podem, lamentando a grande perda do suposto “amante” que ali vai a enterrar. Fecham o séquito muitos Populares, incluindo alguns visitantes de povoações vizinhas.


E assim se dá a volta à Povoação. Regresso ao Largo do Rossio, uma hora após o arranque. Ali, suspende-se ao alto o boneco do S. Martinho e bota-se-lhe fogo. As labaredas lambem-lhe os contornos e, céleres, avançam para as entranhas. O Povo mantém-se à volta, com as chamas do cadáver-tocha do S. Martinho a reflectirem-se-lhe nos olhos e a provocarem-lhe muitas reminiscências nebulosas de tempos antanhos.


O Fogo, porventura o elemento selvagem// domesticado// deusificado mais importante de sempre, ainda hoje nos transporta para evasões e sensações por assim dizer endócrinas.


Desmorona-se o boneco e acaba consumido no chão. Fim da função. Pacificados, os séculos se encontram ali connosco, naqueles momentos.


Esta tradição é, originalmente, muito primitiva, senão primária. Hoje, juntaram-se-lhe novos elementos. Discutíveis. Principalmente a proeminente genitália do “cadáver” que não fazia parte dos acessórios habituais e que, por motivos óbvios, se está a transformar no centro das atenções, até ao exagero. Quanto a mim, está a desvirtuar esta tradição naquilo que ela tinha de mais genuíno. O “Enterro do S. Martinho” não era um ritual de fertilidade para exibir genitálias. Depois, está a inibir e mesmo a afastar pessoas de participar no cortejo. É uma questão a rever, entendo eu, mas...


E, todavia, a noite era bela. No céu, a Lua Cheia exibia-se, exuberante. Aliás, nos últimos anos, não me recordo de ela ( a Lua) aparecer assim, tão cheia e linda, na noite de S. Martinho, a 11 de Novembro. Obrigado, Lua-Nossa, que assim fizeste dispensar os candeeiros da iluminação pública que nos agridem, nocturnamente, com aquele seu amarelão-forte e estupidamente “tecnológico”.


Por fim, foi-se até à Sede da União onde esperava um Magusto. Com castanhas e, pois claro, com vinho e jeropiga (ou (jorpiga). No altifalante ( outra estupidez “tecnológica”) da Torre da Capela soava a meia-noite musicada e ainda o Povo degustava as castanhas.


É isso, o primórdio do “Enterro do S. Martinho” tinha mais a ver com colheitas, com a Lua e com comezaina colectiva (quando havia o que comer...) do que com outra coisa qualquer. Afinal, encenara-se um autêntico auto Vilafranquense, mas da “revisitação” a outros e longínquos tempos...

João Dinis, Jano