7 de agosto de 2009

Os Sinos de Vila Franca - Verão de 2009

O Largo da Capela é, sem dúvida, o local mais emblemático de qualquer aldeia do nosso País. Vila Franca não foge a esta regra.



Das minhas recordações de infância, quando aqui passava as longas férias escolares, uma guardo com especial carinho. Os sinos da nossa Capela retiniam o seu som metálico/cristalino que se repetia, por ondas circulares, cada vez mais longínquas, até deixarmos de o ouvir. Além da função de alerta para as horas de faina dos Vilafranquenses, servia para avisos de ordem social, lembrando o horário de missas, Ave Marias e Trindades, lembrando as horas de medicação dos enfermos, e informando também o falecimento e o funeral de algum conterrâneo através do chamado “toque de sinais”. Hoje, banalizados os relógios, os computadores, os telemóveis, tudo isto parecerá muito estranho, mas então, quando não havia nenhum destes instrumentos, o sino da Capela prestava um serviço extremamente relevante.


Há alguns anos atrás Vila Franca submeteu-se à moda e passou a transmitir as suas informações não através de sinos mas através de altifalantes. Penso que todos os que conheceram o sistema antigo sentiam a agressividade dos novos sons, a que acrescia o facto de a sua difusão não ser uniforme mas direccionada. Há dias, quando aqui cheguei, tive a agradável surpresa de constatar que a situação havia mudado no sentido positivo.


A chamada “coroa” do sino grande, há muito que estava partida.

Por imperativo de continuidade, porque numa igreja os sinos são eternos, a Comissão da Capela decidiu proceder a uma interven
ção de fundo. Para isso foi necessário silenciar os sinos.


Restaurada a “coroa” partida, os dois sinos foram cobertos com uma camada de massa de bronze, o que lhes deu aparência de novos. Foi colocado um mecanismo com badalos tipo martelo, (clicar na seta - foto da esquerda) e um volante que os técnicos da "arte" dizem de “bambolar” (clicar na seta - foto da direita). Agora todo o funcionamento é gerido electronicamente, salvo no caso de acontecimentos não programáveis, mas também aqui se exige apenas o gesto simples do premir de um botão (lá se foi "a corda do sino”).

Foi, deste modo, reposta a tradição na nossa Capela. Agora, todos podemos, de novo, apreciar a sonoridade suave e cristalina dos nossos sinos, que lhes confere a sua verdadeira identidade.
O mecanismo electrónico do relógio foi adaptado ao toque físico dos sinos, e o mostrador passou a informar as horas correctamente.


Aproveitando as sinergias das obras, foi reforçada a iluminação do interior, instalando um lustre novo, com maior quantidade de lâmpadas, no local onde estava o antigo, e este passou a iluminar a zona do Coro.Estas melhorias, que tornaram a nossa Capela ainda mais bonita, e são para usufruto de todos nós, e especialmente para os que nos irão suceder, tiveram um orçamento bastante elevado, como é óbvio.

Os sempre bem-vindos contributos recebidos da Câmara Municipal, da Junta de Freguesia e de particulares, não foram ainda suficientes para cobrir todos os gastos. Aproxima-se a Festa de Santa Margarida, ocasião em que são feitos esforços suplementares para angariação de Fundos.




A CAPELA ESPERA AS AJUDAS DOS FILHOS DA TERRA E SEUS AMIGOS.



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António "Guímaro"

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