"Com a “Procissão”, com marcas evidentemente pagãs, em que se destaca a padiola onde é transportado um boneco feito com um fato velho cheio de palha, simbolizando o “cadáver” de S. Martinho. Esta bizarra “procissão” percorreu as ruas da Povoação. Saiu do Largo do Rossio (cerca das 21 horas), foi engrossando com quem se juntou ao longo do trajecto. Passou pelo Largo da Capela, Cimo do Povo, Largo do Cruzeiro (onde antigamente existiu o pequeno edifício que foi Capela, Escola e Clube ) e veio terminar no Largo do Rossio quando aí se incendiou o boneco de palha, uma hora depois do início da “procissão”. Durante todo o trajecto misturaram-se rituais pagãos e cristãos de forma a que se não chega a distinguir (pelo menos em Vila Franca da Beira) qual deles é que predomina sobre o outro.
Quer na forma (expressão ) quer, mesmo, na substância (espírito). O Carlos Lameiras (Sacristão) conduziu brilhantemente a “cerimónia” , entremeando copiosas citações em Latim com outras em Português, muitas vezes do “vernáculo”…
... Desta vez, a “procissão”, em que se “encomenda” o suposto “S. Martinho”, juntou muita gente de todas as condições, de ambos os sexos e muita criançada. A queima do boneco, simbolizando o cadáver do S. Martinho, encerra a “cerimónia”... "
João Dinis Jano
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